Patrimônio Cultural Fluminense

Friday, May 19, 2006

Cemitério Pretos-Novos

Ao Jornal “FOLHA DO CENTRO”
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Rua República do Líbano, 61, sl/207
Centro – Rio de Janeiro, RJ



Pretos - Novos

Gostaria de aproveitar a oportunidade para enaltecer o trabalho de divulgação cultural desenvolvido pela ong Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, sito à rua Pedro Ernesto, 36, Gamboa, onde outrora existira um cemitério para escravos recém-chegados da África que não resistiam às péssimas condições de salubridade, por isso chamado de ‘Pretos Novos’.

Anteriormente à criação desse cemitério existiram dois outros cemitérios em épocas distintas, primeiramente num local junto ao morro do Castelo, atrás do hospital da Santa Casa de Misericórdia, no decorrer do século XVII. Este cemitério era destinado a escravos africanos e seus descendentes, indigentes, escravos indígenas, além dos que morriam no referido hospital.

Aproximadamente no primeiro quartel do século seguinte – o XVIII -, os escravos africanos recém-chegados à Cidade do Rio de Janeiro (os ‘pretos novos’) que morriam nos depósitos à espera de compradores, passaram a ser sepultados num novo cemitério, estabelecido no Largo de Santa Rita. Após a transferência do mercado de escravos da rua Direita (atual Primeiro de Março) para o Valongo (por volta de 1769), o cemitério dos ‘pretos-novos’ é também transferido para essa região, que se tornaria uma importante zona portuária para a cidade. Desta forma, o vice-rei, Marquês do Lavradio, resolvia o problema e as inquietações causados pela proximidade de cadáveres de escravos na área central da Cidade do Rio de Janeiro.

Segundo a professora Claudia Rodrigues, “...’Pretos-novos’ era a referência aos escravos recém-chegados da África. Uma vez que os navios negreiros provenientes da África chegavam ao porto da cidade, os negros, após passarem pela Alfândega, eram conduzidos para os depósitos que se situavam nas partes inferiores de prédios da rua Direita e do início das ruas transversais e lá ficavam à disposição dos compradores...”[1]



Por fim, as escavações à que se refere o casal Merced e Petrúcio, são na verdade as obras de reforma que deram início na residência, quando então foram encontradas diversa ossadas humanas. Houve logo a seguir uma intervenção do Departamento Geral de Patrimônio Cultural (DGPC), órgão da prefeitura, e contatado o Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB), que enviou uma equipe de arqueólogos para executar um trabalho de resgate do material encontrado no subsolo da casa. Os estudos apontaram para a existência de um cemitério setecentista de escravos africanos que ficara conhecido como ‘Pretos-Novos’, conforme já mencionei.

Segundo o Professor Paulo Seda, Diretor de Pesquisa e Vice-Presidente do IAB, há um projeto objetivando uma escavação no local, mas que nunca foi liberado pela prefeitura.


Cordialmente,

Paulo Clarindo
Nova Iguaçu, RJ
arqueologia@oi.com.br
www.arqueologiaepatrimonio.blogspot.com



[1] RODRIGUES, Claudia. Lugares dos mortos na cidade dos vivos. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1997, p. 109.

Thursday, May 18, 2006

BAIXADA URGENTE - DENÚNCIA

ABAIXO-ASSINADO DENUNCIA

AMEAÇAS À IGREJA DO PILAR



Professores e pesquisadores da História da Baixada entregam nesta quinta-feira (18/05), às 10:00 horas, um abaixo-assinado à direção do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – no centro do Rio, onde denunciam os riscos que representam para a Igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Duque de Caxias, as obras que o DER vem realizando para duplicação da Avenida Presidente Kennedy, antiga Estrada Rio-Petrópolis. O movimento foi desencadeado esta semana pela APPH – Associação de Professores e Pesquisadores da História da Baixada – e o LAB – Laboratório de Arqueologia Brasileira – instituições formadas a partir de um grupo de professores do Curso de História da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da FEUDUC – Fundação Universidade de Duque de Caxias, a primeira Faculdade do gênero na Baixada, que funciona em S. Bento, a poucos quilômetros do bairro do Pilar.
Na terça-feira, no início da noite, alunos e professores da FEUDUC interromperam o trânsito na Avenida Presidente Kennedy, em frente à Faculdade de Letras, para protestar contra o descaso das autoridades das Secretarias de Cultura do Estado e do Município, diante do risco que representa para a Igreja do Pilar a duplicação da pista da Avenida Presidente Kennedy. Com as obras, os veículos de carga passarão junto à Igreja, cuja construção é de 1774. A Avenida Presidente Kennedy é hoje o principal eixo rodoviário que liga os Distritos de Duque de Caxias e acesso à Rodovia Presidente Dutra, através de Belford Roxo e muito utilizado pelos caminhões-tanques que levam combustíveis da Reduc para as cidades situadas ao longo da Rodovia Presidente Dutra entre a Baixada Fluminense e Volta Redonda. Para este domingo, está previsto um abraço simbólico à Igreja do Pilar, a partir das 9:00 horas.
A Igreja do Pilar foi construída ao lado do porto do Pilar, que recebia metais e pedras preciosas de Vila Rica, até ali transportados em lombo de burro, para serem embarcados em direção ao porto do Rio de Janeiro, atual Praça XV, onde era feito o transbordo para navios que seguiam em direção à Europa. Além dos fazendeiros da região, a Igreja do Pilar também era visitada por Tiradentes que, como alferes, era o chefe da guarda real que fiscalizava o transporte pela Estrada Nova das Gerais, que ligava o porto do Pilar à Vila Rica, atual Ouro Preto.

Quarta-feira, Maio 17, 2006
Alberto Marques, Duque de Caxias, RJ